Ensino remoto no Brasil foi feito principalmente com material impresso e aula no WhatsApp, mostra pesquisa
Ainda de acordo com o estudo da Undime com o Itaú Social e a Unicef, a […]
Ainda de acordo com o estudo da Undime com o Itaú Social e a Unicef, a maioria das secretarias (78,6%) afirma que o maior desafio foi o acesso de estudantes à internet
O estudo foi realizado pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) em parceria com o Instituto Itaú Social e a Unicef. Os dados foram coletados entre janeiro e fevereiro de 2021.
O levantamento foi respondido por 3.672 municípios brasileiros, que concentram 14,7 milhões de estudantes. Desses, 91,9% passaram o ano letivo de 2020 todo remoto após o início da pandemia – o restante (8,9%) adotou modelo híbrido.
Segundo o estudo, mais de 90% dos municípios utilizaram aulas por whatsapp e materiais impressos para as atividades remotas.
— Isso exige muito o esforço do professor. Mas há limites de um processo de ensino-aprendizagem com essas duas ferramentas por mais esforço que o professor tenha. São condições muito limitantes. Imagina uma criança tentando viver um processo de alfabetização nesse modelo — diz Patricia Mota Guedes, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social.
As aulas gravadas foram utilizadas por 60% dos municípios e pouco mais da metade (54%) tiveram orientações on-line por aplicativos.
Já vídeo-aulas ao vivo aconteceram em apenas 21% das redes municipais que responderam à pesquisa.
— As redes com maiores capacidades de financiamento conseguiram oferecer mais plataformas estruturadas. Quem não tem essa possibilidade, se limitou a fazer com o que podia. O MEC fez falta nesse sentido e agora fala internamente na produção de uma plataforma de apoio geral. Isso está no começo e vamos ver como vai evoluir — afirma Luiz Miguel Garcia, presidente da Undime.
Ainda de acordo com o estudo, a maioria das secretarias (78,6%) afirma que o maior desafio foi o acesso de estudantes à internet.
“A constatação reforça a importância de ampliar a conectividade no País por meio de, entre outras ações, a sanção do Projeto de Lei 3447/2020. Ele permite que recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) sejam direcionados para estados e municípios para garantir a conectividade de crianças e adolescentes da rede pública que vivem em famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), bem como daqueles matriculados nas escolas das comunidades indígenas e quilombolas, e professores da rede pública”, diz o material de divulgação da Undime.
Para 2021, 63,3% das redes planejaram começar o ano letivo de forma remota; 26,3% pretendem iniciar de forma híbrida; 3,8% de forma presencial e 6,6% ainda não definiu. As aulas estão sendo retomadas na maioria das redes entre os meses de janeiro e março.
— Corremos o risco de voltar dez, 15 anos no número de crianças fora da escola, seja porque nem se matricularam em 2021 ou não conseguiram fazer as aulas remotas — afirma Italo Dutra, chefe de Educação do Unicef no Brasil.
A pesquisa mostrou ainda que a maior parte das redes ainda não tem protocolo sanitário construído para o retorno às aulas. Entre os municípios que responderam ao estudo, 33,9% já os concluíram, 59,6% estão em processo de discussão e 6,5% ainda não iniciaram esse processo.
— Cada estado e seus municípios devem levar em consideração a situação da pandemia em seus territórios para decidir quando e de que maneira se dará a volta às aulas presenciais. Enquanto não houver um número suficiente de vacinas para todos, precisamos confiar no ensino remoto como uma estratégia de suporte importante, mas sem negligenciar uma proposta de retorno gradual às atividades presenciais — afirma Mota Guedes, do Itaú Social.
Ainda segundo Guedes, “é urgente a construção de um planejamento coordenado, com protocolos bem estabelecidos, a partir de forte diálogo com as equipes, famílias e muito apoio aos professores, sob pena dos prejuízos ainda maiores à educação e à garantia de direitos de crianças e adolescentes”.
Já o chefe de Educação do Unicef no Brasil, Italo Dutra, afirma que os municípios precisam estar preparados para o momento que as condições sanitárias estiverem favoráveis ao retorno presencial aos colégios.
— Essa construção precisa muito planejamento, tempo e investimento de recursos. Não há condições de ser pensadas de um dia para o outro. Precisa estar pronto para retornar o mais rápido possível assim que as condições epidemiológicas derem essa possibilidade — afirma.
Já os protocolos pedagógicos para a volta às aulas presenciais estão sendo discutidos por 70,4% das redes, já foram concluídos em 22,7% delas e não foram iniciados em 6,9%.
Fonte: O Globo
Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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