Com audiência de quase dez mil pessoas, Fórum Undime/SC e Região Sul promove debates centrais sobre educação em tempos de pandemia
Transmitido ao vivo nos dias 29 e 30 de abril, 18º Fórum Ordinário da Undime Santa […]
Transmitido ao vivo nos dias 29 e 30 de abril, 18º Fórum Ordinário da Undime Santa Catarina e 5º Fórum da Undime Região Sul contou com a participação do Ministro da Educação, Milton Ribeiro, e de representantes do poder público e de entidades da área da educação. Evento está disponível no canal no YouTube da Undime/SC; confira.
“A pandemia trouxe para nós que dificuldades podem se tornar potencialidades”. A fala da presidente da Undime/SC e Região Sul, Patrícia Lueders, durante a abertura do 18º Fórum Ordinário da Undime Santa Catarina e 5º Fórum da Undime Região Sul, é capaz de ilustrar as conquistas do evento este ano: quase dez mil pessoas já assistiram ao fórum, transmitido de forma virtual e gratuita pela primeira vez em função da pandemia de Covid-19. Realizado nos dias 29 e 30 de abril por meio do canal no YouTube da Undime/SC, o evento contou com a participação do Ministro da Educação, Milton Ribeiro, e recebeu as inscrições de gestores municipais, equipes técnicas e profissionais da educação de 23 estados.
Com o tema “Educação em tempos de pandemia”, o fórum promoveu debates sobre ética e educação, retorno às aulas presenciais, planos municipais de educação, regime de colaboração, desigualdade social, entre outras temáticas abordadas pelos palestrantes convidados. As transmissões já estão disponíveis no canal da Undime/SC no YouTube; clique aqui para assistir ao primeiro e segundo dia de evento. Os materiais utilizados pelos palestrantes também podem ser consultados, confira: https://bit.ly/330wzVD.
Educação na pandemia e pós-pandemia
“Nós temos algo que nos une: todos queremos o melhor para a educação brasileira”, destacou o Ministro da Educação durante a abertura do evento. Enfatizando a importância da relação de aprendizagem estabelecida entre aluno e professor desde a alfabetização, Ribeiro reforçou o pacto pela educação pública de qualidade. “Para mim, a presença do professor é algo insubstituível na relação da educação e do ensino e aprendizado. Nada como a presença do professor. Diante disso, quero ainda dizer que estou comprometido com os professores e profissionais da educação com relação à vacinação”, afirmou o Ministro.
Na ocasião, a Dirigente Municipal de Educação de Blumenau/SC e presidente da Undime/SC e Região Sul, Patricia Lueders, reforçou o pedido de inclusão dos profissionais da educação catarinenses no grupo prioritário de vacinação. “Registro aqui um pedido de todos os profissionais da educação, principalmente aqui em Santa Catarina onde já somos considerados atividade essencial, para que possam ser incluídos no grupo prioritário de vacinação e imunizados o mais breve possível, sobretudo na educação infantil”, enfatizou Lueders.
O Dirigente Municipal de Educação de Sud Mennucci/ SP e presidente da Undime Nacional, Luiz Miguel, além de destacar a importância de promover a imunização dos profissionais da educação, ressaltou a necessidade de se pensar a educação num contexto pós-pandemia de modo a superar o desafios impostos por esse período. “Nós pensamos hoje uma educação que está na pandemia, mas precisamos também pensar numa educação pós-pandemia. Precisamos estruturar esse ensino e já temos municípios em condições de desenvolver ações”, frisou.
Nesse sentido, por agregar mais subsídios para as ações das secretarias no dia a dia, a Dirigente Municipal de Educação de Apucarana/PR e presidente da seccional paranaense da Undime, Marli Regina Fernandes da Silva, destacou a contribuição do evento. “Eu espero que cada Dirigente Municipal de Educação de todo o país possa fazer uso dessas informações e unir forças para fazer o melhor pela educação”.
Para o presidente da seccional da Undime no Rio Grande do Sul, Marcelo Augusto Mallmann, por mais que avanços tecnológicos tenham sido observados neste período pandêmico, eles não substituem a relação de ensino e aprendizagem entre professor e aluno. “As tecnologias vieram para agregar como instrumento para a aprendizagem, mas o que de fato ficou comprovado ao longo desse período pandêmico é que o resultado qualificado da relação professor-aluno em sala de aula não vai ser substituído por nada”, sublinhou.
Caminhos para educar
“O valor da escola é absolutamente inquestionável”. Com essa afirmação, a socióloga e educadora Lourdes Atié, destacou a importância de defender esse espaço, que é capaz de forjar a estrutura do futuro do país. No entanto, a socióloga também ressalta que a educação precisa ser responsabilidade de todos. “O Brasil dá um grande salto se entender que a educação não é responsabilidade de uma secretaria de educação. O problema da educação é um problema da cidade como um todo”.
Na palestra de abertura do Fórum Undime/SC e Região Sul, “A Ética do Cuidado como Caminho para Educar na Incerteza”, Atié apontou caminhos possíveis para a educação, complementando que para isso não existem possibilidades únicas. “Para uma organização social como a escola sair da certeza absoluta e cair numa instabilidade absoluta exigiu da gente uma mudança de paradigma brutal. O bom é que todo mundo está fazendo pela primeira vez. Pela primeira vez, a gente tem a oportunidade de aprender que a educação não tem receita”, considerou.
Como bússola para atravessar esse período, o coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude do Ministério Público de Santa Catarina, Promotor de Justiça João Luiz de Carvalho Botega, destacou o papel dos planos de educação. “Os planos municipal, estadual e nacional de educação são ainda mais importantes nesse momento. São planos construídos de forma democrática que estabelecem metas e estratégias para todos os entes federados. Se já eram importantes antes da pandemia, agora os planos de educação são os documentos mais importantes dos gestores na área da educação”, afirmou.
A roda de conversa sobre plano municipal de educação foi mediada pela presidente da Undime/SC, Patrícia Lueders, e contou também com a participação do Auditor do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), Gerson Sicca. “É muito bom nós termos aqui, além do Fórum Ordinário da Undime Santa Catarina, o Fórum da Região Sul, porque podemos dialogar e trocar experiências com os três estados da região sobre como os processos do plano de educação estão ocorrendo”, considerou Sicca.
Enfrentamento à desigualdade
Apresentando o mais recente levantamento internacional de retomada das aulas presenciais produzido pelo Vozes da Educação, a fundadora da consultoria, Carolina Campos, destacou a importância dos protocolos e, principalmente, dos seus planos de formação. “A gente precisa de protocolos e os protocolos precisam enfatizar as formas de transmissão do vírus, mas uma coisa também muito importante é que é preciso de um plano de formação para saber como explicar para os profissionais da educação o que está nos protocolos”, afirmou Campos.
Na palestra “Retorno na educação infantil: experiências de 22 países”, que abriu o segundo dia de eventos do Fórum Undime/SC e Região Sul, a fundadora do Vozes da Educação destacou que o mapeamento tem como objetivo “tropicalizar o que outros países fizeram levando em consideração as possibilidades”. Aqui no Brasil, por exemplo, a pesquisadora considera bastante significativos os esforços das escolas públicas de continuar fornecendo alimentação aos estudantes. “Quando as escolas fecharam no Brasil, a gente viu que a primeira providência e a grande preocupação da educação era a alimentação. Sabíamos que fechar as escolas significava que nossos alunos estariam desassistidos nutricionalmente. A gente viu que muitos estados e municípios engendraram os melhores esforços na tentativa de ofertar alimentação”, disse a pesquisadora.
Tratando da desigualdade social no país, a presidente-executiva do Instituto Articule, Alessandra Gotti, apontou que existiria “um Brasil retratado na Constituição Federal e um Brasil real”. Gotti integrou a roda de conversa “Regime de colaboração e o enfrentamento da diminuição da desigualdade social em tempos de pandemia”, que concluiu o segundo dia de evento do 18º Fórum Ordinário da Undime Santa Catarina e 5º Fórum da Undime Região Sul.
Em sua fala, a pesquisadora enfatizou a necessidade de avançar continuamente apesar dos desafios. “Nós só podemos, à luz da Constituição Federal, avançar. Não há o direito de retroceder e nem de ficar estagnados, sempre temos que buscar o avanço. Para que a gente possa reduzir as desigualdades sociais e educacionais que foram agravadas sobremaneira nesse período de pandemia, é preciso que a gente faça muito mais do que está sendo feito”. Nesse sentido, a presidente do Instituto Articule elencou a importância de priorizar a educação e de trabalhar de forma colaborativa.
A conversa foi mediada pela presidente da Undime/SC, Patricia Lueders, e Sônia Fachini, ex-Secretária de Educação de Joinville, e contou com a participação do representante do todos pela educação, Lucas Hoogerbrugge. Durante a palestra, o educador destacou a importância da Undime no contexto educacional do país. “Os estados têm uma representação formal no Senado, já os municípios não têm uma representação direta na política. Então, a função de entidades municipalistas, como a Undime, por exemplo, é fundamental para dar voz e vez aos municípios brasileiros e transmitir os desafios locais para que o trabalho possa ser feito de forma coordenada entre os diferentes níveis de governo no país”, afirmou Hoogerbrugge.
Decidir lutar
Ao final do evento, a presidente da Undime/SC, Patrícia Lueders, reiterou o importante papel desempenhado pelos municípios catarinenses na melhoria da educação no estado. “Eu sempre digo: a Undime só existe porque temos os 295 secretários municipais de educação comprometidos com uma educação pública de qualidade”, enfatizou Lueders, encerrando o 18º Fórum Ordinário da Undime Santa Catarina e 5º Fórum da Undime Região Sul com um poema da escritora brasileira Cora Coralina: “mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar, porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir”.
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